Nova versão do PJe incorpora tecnologia que promove acessibilidade com ferramentas de leitura de tela

Para otimizar a rotina de trabalho e ampliar a inclusão de pessoas com deficiência visual no Processo Judicial Eletrônico (PJe) da Justiça do Trabalho, a versão 2.11 do sistema agora permite a leitura de documentos digitalizados com ferramentas de leitura de tela.

Com a nova versão, documentos de imagem em formato PDF serão legíveis através da tecnologia OCR (reconhecimento óptico de caracteres). Isso possibilita que usuários de leitores de tela, como o NVDA (Nonvisual Desktop Access), possam ler esses documentos.

A implantação nos Tribunais Regionais do Trabalho começará na próxima semana e estará disponível para os usuários até o final de agosto.

Como usar

Para utilizar a funcionalidade, basta abrir a aba com o documento desejado e clicar na opção “extrair o texto do PDF”. O sistema permite gerar um arquivo com o texto extraído ou copiar o resultado para ser colado em um arquivo no formato de preferência.

Acessibilidade ampliada

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Conselho Superior do Trabalho (CSJT), ministro Lelio Bentes Corrêa, destacou que a nova versão do PJe é um passo importante para ampliar as políticas de inclusão e acessibilidade. “O acesso à Justiça é um direito de todas e todos, por isso, a Justiça do Trabalho precisa eliminar todas as barreiras para quem utiliza seus serviços”, afirmou. “Além de buscar meios para tornar a tramitação mais célere e eficiente, é imprescindível fazer com que essas mudanças atendam todas as necessidades dos usuários”, completou.

Maria Villela de Souza Ferreira, coordenadora do Subcomitê Nacional de Acessibilidade para Sistemas Nacionais (SNAcessibilidade) da Justiça do Trabalho, explicou que os atuais leitores de tela são incompatíveis com arquivos de textos digitalizados como imagem, como é o caso dos documentos inseridos no PJe.

A nova funcionalidade com tecnologia OCR estará disponível no próprio sistema, garantindo que todos os usuários tenham acesso ao recurso de forma mais dinâmica, proporcionando maior eficiência para quem usa o NVDA. “Pessoas com deficiência visual, como eu, que utilizam esses softwares, não conseguem ler o conteúdo”, explicou. “É necessário o auxílio de um aplicativo OCR, que nem sempre está disponível para todos, pois é um programa que deve ser adquirido pelo usuário e tem custo elevado”, completou.

Linha do tempo

A coordenadora do SNAcessibilidade destacou que a dificuldade de acesso aos documentos em PDF no PJe é uma barreira enfrentada por pessoas com deficiência visual há muito tempo. Ela mencionou que outras funcionalidades estão sendo desenvolvidas, como uma tabela para exibição dos documentos e movimentos na linha do tempo dos processos, permitindo acesso mais ágil às informações.

Ela concluiu dizendo que todas as contribuições de membros do subcomitê ou de servidores de outros órgãos do Judiciário Trabalhista visam auxiliar pessoas com e sem deficiência. “Nosso trabalho é para permitir que as pessoas com deficiência tenham ampla e plena participação, em igualdade de condições, nos mais variados âmbitos da sociedade, inclusive no mundo do trabalho”, concluiu.

(Andrea Magalhães/CF/AJ)