Inteligência artificial descomplicada é tema de curso promovido pela Comissão de Planejamento Estratégico do CNMP

Para o presidente da Comissão de Planejamento Estratégico (CPE) do Conselho Nacional do Ministério Público, Moacyr Rey Filho, a inteligência artificial (IA) não apenas refina as competências em que os profissionais já são especialistas, ela também eleva o conhecimento em áreas menos dominadas, criando oportunidades para uma atuação mais estratégica e integrada do Ministério Público. Essa visão marcou a abertura do curso virtual “Inteligência Artificial Descomplicada: fundamentos e aplicações práticas”, promovido pela CPE em parceria com a Estratégia Nacional do Ministério Público Digital (MP Digital). A capacitação, que ocorre nos dias 16 e 17 de dezembro, é transmitida pelo YouTube do Conselho.

A abertura do evento foi conduzida pelo presidente da CPE, que destacou a importância da IA como ferramenta transformadora no Ministério Público. Segundo ele, com mais de 1.100 participantes no primeiro dia, o curso reflete o interesse crescente em compreender o impacto da IA no dia a dia da instituição. “A IA refina, dá a cereja do bolo naquilo que nós somos muito especialistas, mas, em compensação, naquilo que não somos especialistas, ela sobe nosso nível de conhecimento de uma forma extraordinária”, disse.

Segundo Moacyr Rey, a IA tem o potencial de incrementar tanto as atividades-fim quanto as atividades-meio do Ministério Público. O conselheiro apontou que a plataforma MP Digital, resultado de três anos de trabalho colaborativo, é um exemplo de como a inovação tecnológica pode integrar pessoas e potencializar a colaboração entre membros e servidores. “A plataforma, muito mais que tecnologia, visa integrar pessoas num ambiente de colaboração, potencializando o que há de melhor em cada Ministério Público”, afirmou o conselheiro convidando a todos a acessar a plataforma MP Digital pelo portal www.cnmp.mp.br/mpdigital.

O foco em inteligência artificial generativa foi destacado como uma janela de oportunidade. De acordo com o conselheiro, o Ministério Público e o Judiciário lidam com um volume grande de processos, muitos deles de baixa complexidade, que demandam um trabalho repetitivo de produção de peças. Com o uso da IA, atividades mais rotineiras podem ser automatizadas, permitindo que membros e servidores direcionem seus esforços para tarefas mais estratégicas e de alto impacto para a sociedade.

Entre os benefícios mencionados, Moacyr Rey destacou a possibilidade de ganho de eficiência operacional, especialmente no ofício criminal, que concentra de 60% a 70% da atuação do Ministério Público e envolve tipos penais como armas, roubo e furto, entorpecentes, violência doméstica, juizado criminal e execução penal.

“Todas essas áreas possuem grande potencial para a aplicação de ferramentas que possibilitem a produção de uma peça de forma automatizada”, afirmou o conselheiro, completando que essa aplicação da IA generativa incluiria etapas seguras, desde a concepção do projeto até o treinamento e a geração do resultado, sempre contando com revisão de membros e servidores qualificados, já integrados à equipe, para garantir qualidade e confiabilidade ao processo.

Por outro lado, o conselheiro enfatizou a necessidade de capacitação e aprendizado contínuo para lidar com os desafios da implementação de IA, como a proteção de dados, especialmente os dados sensíveis, a prevenção de vieses discriminatórios e o uso responsável das ferramentas. Justamente por isso, a CPE elegeu 2025 como o ano da capacitação. Nesta terça-feira, 17, último dia do curso, será disponibilizado aos participantes um formulário a fim de que indiquem áreas de interesse na temática, formas de aprendizagem e feedbacks a fim de que o plano de capacitação do próximo ano seja construído.

Programação

A programação do curso inclui palestras que abordam tanto os fundamentos da IA quanto suas aplicações práticas. Na manhã desta segunda-feira foram realizadas as palestras “Descomplicando a IA: conceitos elementares”, com o membro auxiliar Paulo Zen, e “O que é um Prompt? Aplicações técnicas e casos de uso”, conduzida pelos promotores de Justiça Rodrigo Fogagnolo e Fernando Barbosa Rubin.

Na terça-feira,17, os participantes acompanharão as apresentações “IA no Ministério Público: caminhos para sua aplicação prática”, com o promotor de Justiça João Sidou, e “Aprofundando: técnicas de uso da IA, ferramentas e plataformas”, apresentada pelo secretário de Tecnologia da Informação do CNMP, Paulo Célio Soares.

Veja a transmissão.

Foto: Leonardo Prado
Veja mais fotos.